A new flat mate...

Vir para Erasmus, ter contacto com pessoas de outros países e outras culturas foi sempre algo que me aliciou. Quando recebi o email que dizia que o meu alojamento e o das colegas não era o mesmo, fiquei um pouco preocupada, mas depois pensei: é melhor assim, nada como esta experiencia para tirar um maior partido desta interculturalidade e para o meu inglês. Só queria não entrar numa casa já habitada, ou seja, onde já existissem hábitos e rotinas, mas se tal acontecesse eu vinha disponível para tudo. Eu só não queria tanto ficar com as colegas Portuguesas, acho que assim nos fecharíamos, iria ser diferente. Quando conheci o meu apartamento estava totalmente vazio, fui a primeira a entrar a criar o meu próprio espaço. Passou quase uma semana e eu sempre sozinha, a aguardar ansiosamente a chegada da minha colega de quarto. Imaginei-a de mil e uma formas, mas no fundo estava com esperança que fosse alguém “louca” como eu, que alinhasse nas coisas mais estranhas, que tivesse vontade de viajar, de sair, de estudar e fazer trabalhos comigo, a conhecer novas pessoas. Esperava alguém com quem me identificasse, talvez porque sei que preciso de alguém assim daqui 2 ou 3 meses. (Bem Lili acho que de louca só sobras tu… Vais ter de me aturar.) Ontem foi o dia da verdade, quando cheguei a casa a porta do quarto vazio estava fechada, e tinha um papel que dizia: “a porta está tranca.” Pensei, se a porta já tranca é porque já chegou alguém. Voltei para a minha vidinha, internet, musica, lanche…Quando me tocam à campainha, espreitei e não conheci abri a porta, vejo uma senhora, grande, negra, olhos abertos, gorro e sacos do supermercado e pensei: bem a vizinha de baixo veio reclamar por eu ter deixado cair o telemóvel e o carregador das pilhas ás quatro da manhã. Quando a senhora que me diz, olá eu moro aqui, esse é o meu quarto. Eu devo ter ficado de todas as cores, nunca imaginei que a minha colega de quarto poderia não ser europeia e nunca imaginei que não fosse da minha idade. Apresentei-me ela também, chama-se Donata e vem da Namíbia tem 32 anos. Bem aqui está mais uma verdadeira prova para eu superar, até agora tem sido impecável, fala muito bem o inglês mas o pior é o cheiro, não há nada a fazer, tenho que respeitar e não é por falta de limpeza já percebi que é assim. Tenho que aceitar isto como mais um degrau para eu subir neste meu longo percurso de crescimento pessoal, talvez tenha muito a aprender com ela, com a sua cultura e a sua luta por uma vida melhor. Hoje quando cheguei da escola tivemos a conversar, pediu-se se podia vir cá para casa uma amiga dela que está sozinha noutra casa, que dividiria o seu quarto. Não pus qualquer objecção, se calhar é mesmo isto, tenho que crescer, transpor esta barreira.

Namibia

"A Namíbia é um país da África Austral, limitado a norte por Angola e pela Zâmbia, a leste e a sul pelo Botswana, a sul pela África do Sul e a oeste pelo Oceano Atlântico. Capital: Windhoek. Os primeiros europeus a desembarcarem e explorarem as suas costas foram os navegadores portugueses Diogo Cão em 1485 e Bartolomeu Dias 1486, mas a região não foi reclamada para a coroa portuguesa."

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